quinta-feira, 17 de setembro de 2015

10º dia.


Eu duvido que algum de vocês tenha visto o vídeo de ontem. E eu sei que tem gente vindo aqui, porque acompanho as estatísticas do blog. Ou seja, hoje eu sei que quando eu falo com vocês, eu to falando com alguém mesmo. Quem não viu, ainda mais aquelas pessoas que querem buscar algum tipo de alimentação mais saudável, deveriam ver.


Como eu já disse, o Meu Fevereiro Vegano é um projeto pessoal. Não se trata de uma evangelização do veganismo, pelo menos, não ainda. Ele é sobre começar hoje, e não mais na segunda feira, a mudança alimentar que desejamos, uma ideia que serve para qualquer outra coisa. 

A comida é uma vivência cultural tão forte, que nem sei quais palavras usar para explicar o quanto nós mesmos nos confundimos com a nossa própria alimentação. E por ser uma relação tão íntima, abandonar um hábito prazeroso, amado, confortável, fácil, pode ser tão difícil quanto perder parte de si mesmo. Mas se a alimentação não estiver sendo boa, não tem jeito, é preciso mudar, se não quiser pagar a conta mais tarde, que tem sido cada vez mais cara. 

O que o desafio tem me mostrado é que, na verdade, somos em muitos níveis vítimas do tipo de oferta que a indústria alimentícia nos propõe. Ela trabalha naquilo que nos seduz e escraviza. É claro que escolhemos conscientemente, muitas vezes, o prazer acima da saúde e bem estar. No entanto, cada vez mais, consumimos um maior número de alimentos errados, embora o façamos pelas razões certas. Isso porque cada vez mais a indústria alimentícia cria rótulos - literalmente - que manipulam e enganam o consumidor, mentindo sobre a qualidade do produto, mas sempre no limite da arte de mentir na vida real, mas não na letra da lei. 


As comidas estão sempre mais artificias, prometendo suprir as últimas necessidades da moda do mundo nutricional, e excluindo os mais recentes inimigos da saúde. Troca-se refrigerante por suco em caixinha, e come-se iogurte como alimento saudável. Existem os saudáveis, mas dificilmente é aquele zero gordura na prateleira do mercado.

Eu costumo dizer que na política a gente não joga para conseguir os melhores representantes, a gente joga, na verdade, para se defender dos piores. Acho que essa ideia serve também para a alimentação. Existe um mar de informações que mudam a todo instante, um oceano de interesses, e uma cadeia produtiva que requer lucro e não poupa esforços para isso. Não adianta, Nutella com pão no café da manhã não é uma refeição saudável, e uma garrafinha de Coca-cola pequena não nos "proporciona" 123 Kcal para gastarmos com o que há de bom na vida, como fazer exercícios, ironicamente, conforme já disse a publicidade desses produtos. E esses são exemplos dos mais óbvios.

Diante disso, me parece cada vez mais claro que o lugar mais seguro é o do alimento real. É a glicose da banana, ou da maçã, em vez do gelzinho de carboidrato da academia, por exemplo. E tudo, tudo que puder ser caseiro, certamente será mais saudável do que o industrial. 

Toda essa confusão exige que a gente busque nosso próprio sistema. Saber dosar nossas ambições sobre a qualidade de nossa alimentação frente às tentações que, fatalmente, não conseguiremos abandonar, porque em certo sentido somos dependentes delas. É o sorvete que consola o pé na bunda, o chocolate que espanta a tristeza, a pizza que conforta a solidão.

No meu caso, existem valores e benefícios da alimentação vegana que se encaixam muito bem no tipo de pessoa que eu sou. E é isso que tem me dado força de vontade para continuar. Ou melhor, bem melhor, é isso que me tira a necessidade de se ter força de vontade, e me faz passear por esse desafio sem sofrimento. Por isso, é muito importante se conhecer e saber o que quer. O prazer de estar bem com o que está fazendo faz toda a diferença.

Mas o desafio terá um fim, e não sei se estarei disposto a lidar com um mundo nada propício a esse tipo de dieta, um obstáculo muito superior ao adeus que talvez dê à Nutella.

Mas vamos ao cardápio de hoje? (Gente, vocês respondem mentalmente as minhas perguntas?) rs.

Hoje foi dia de restaurante genuinamente vegano. E assim como centro espírita, restaurante vegano bom é restaurante vegano longe. E esse é ótimo, rs. Mentira, fica no centro do Rio, mas bem longe do meu trabalho e hoje tava um calor dos infernos. Nunca estive lá - no inferno -, mas duvido que seja muito diferente do centro do Rio na hora do almoço com quase 40º.

RESTAURANTE TEMPEH





Embora seja tudo vegano, há duas frituras no prato. Mas estou me permitindo, porque estou conhecendo esses restaurantes e quero tentar provar tudo de ma vez só, rs.

- Cebola caramelizada.
- Pastel de forno de cenoura.
- Almôndegas de soja com um molho que eu acho que é à base de beterraba e cenoura.
- Banana meio frita.
- Quibe
- O melhor purê de inhame do mundo.
- Folha de mostarda refogada.

- Cenoura.
- Empadinha de tofu com massa integral e alho. (delícia).


E gente, quando eu digo que tá gostoso, eu não quero dizer "para um prato vegano, está gostoso". Eu quero dizer que está gostoso mesmo. Sem hipocrisia. Espero que não duvidem disso.

E hoje, no décimo dia, confirmo que a não ingestão de laticínios de fato tem me feito muito bem. Algo que me estimularia a continuar na dieta. Embora o mesmo não se aplique às carnes, ao ovo, ao mel. Infelizmente, porque isso tornaria tudo mais fácil ainda, rs.

Bom, vou dormir, porque hoje estou sensível. Assisti ao filme "Que horas ela volta", e chorei como chora uma criança. Eu já fui um Fabinho pra uma Val, e dói a falta que faz, dói também a falta do sentimento que se tinha na infância, alheio a regras e convenções. Cresci, e não sei em que esquina me perdi. 



Isso aí. O Filme é lindo. E beijo pra quem leu.


1 Comentários:

Às 18 de setembro de 2015 às 07:22 , Anonymous Anônimo disse...

Post maravilhoso! Continue, não só a nova nutrição, como escrever sobre o que vc sente e experimenta. Adoro! Beijos! Tereza Sigwalt

 

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