sábado, 26 de setembro de 2015

19º dia - a segunda crise de abstinência. E a mais grave.

Hoje foi dia de visitar meus pais em Niterói. Muita gente já sabe, mas pra quem ainda não sabe, não me sinto muito bem visitando meus pais, porque sempre volto de lá triste, irritado, angustiado, aflito, derrotado. É uma espécie de revival de uma vida que eu sempre quis deixar pra trás. Ouvir os mesmos discursos que me tornaram essa pessoa sem autoestima, que não acredita ter potencial suficiente para fazer alguma coisa dar certo na vida, a não ser que se trate de concurso público. Eis a chave de todos os problemas de um ser humano: concurso público. Justamente eu, que após a experiência de ser concursado, reconhece tudo de bom que há nessa vida, mas não vê a hora de sair dela.

Resultado. Levo uma vida COMPLETAMENTE diferente da vida que meus pais imaginam que eu leve - ainda bem que eles não estão familiarizados com o Facebook. Isso porque, quando estou lá, suas perguntas são intermináveis, e seus narizes forçam violentamente a entrada em minha vida. Outro resultado, 95% das minhas respostas são mentiras. E é tanta mentira, que eu já nem lembro mais o que falei sobre cada tópico, caio em contradição o tempo todo, misturo temas, e frequentemente preciso parecer ter certeza sobre coisas das quais não faço a mais pálida ideia.

Parece bobagem, mas, sinceramente, é muito desgastante. Muito mesmo. Demais.

Mas por que você faz isso? - pergunta você, jovenzinho sem empatia.

Porque se eu não fizer isso, o estresse que hoje tenho apenas durante minhas visitas, se estenderia para todos os momentos da minha vida. E nesse ponto não há julgamentos, cada um sabe os pais que têm. Entendidos?

Bom, até então, o hábito era voltar  pra minha casa com a alma destruída, com vontade de morrer, sem força para produzir nem a mais imbecil das atividades. E então, procuraria uma fonte de prazer imediato, que geralmente significa comer nutella, ou chocolate, ou sorvete, ou pizza, ou massa, ou encher a cara de vinho.

Mas e durante o desafio vegano, como faz, se mata? Não sugere, porque na falta de opção, quem sabe?

Mermão. Durante o desafio vegano, até me submeter a algum tipo de dor eu pensei. Mas a pessoa amada chegou em casa logo, e fomos comer no mesmo restaurante de ontem, o Vegetariano Social Clube, do Leblon. Confesso que sim, aproveitei essa oportunidade para afogar minha frustração e derrota na sobremesa que comemos ontem sim, uma bela e deliciosa torta de cacau com sorvete de cacau veganos. Uma sobremesa enorme que dividimos ontem, e que hoje fui especialmente para devorá-la sozinho.

Ah, galeraa! Um pouco de paciência. Meu autocontrole evoluiu de uma maneira que eu nem sei mensurar, mas não sou perfeito. Comemoremos apenas o fato de eu não ter comido Nutella, nem bombom Kopenhagen escondido, e menos ainda me autoflagelado. Ah, detalhe. Mamãe me deu chocolate kopenhagen de presente de aniversário atrasado. Timing ridiculamente inconveniente sempre foi uma das marcas dela. Mas não falei nada, e os aceitei. Os bombons estão na minha geladeira, junto com outras comidas proibidas.

Mas querem saber o detalhe? Provavelmente não, porque já devem estar de saco cheio das minhas lamúrias. Mas eu vou falar, porque sou de reclamar mesmo.

NÃO TINHA O BOLO NO RESTAURANTE.

Pronto, é isso. Não tinha o maldito bolo incrível e vegano que eu poderia comer, para afogar as mágoas. O bolo tinha acabado, confirmando minha teoria de que Sorte não foi uma das coisas que trouxe pro mundo quando nasci.

O que eu fiz? Me contentei com a pizza vegana sem queijo, e um copinho de sorvete de cacau. Mas ficou o vazio do bolo em mim. E é um vazio bem grande. Pelo menos não surtei, nem estraguei o desafio. Não sei você, mas eu vou me dar crédito por isso.

Seguem as fotos do cardápio do dia.

Almoço no ROLÉ. Saladinha de quinoa com abobrinha, amêndoas, e outras cositas. Acreditem, não consegui comer tudo. Quinoa não é brincadeira. A salada é muito boa, mas só comi porque tava com pressa. Hoje eu queria muito um pratinho quente no almoço. Mas é simplesmente impossível encontrar.



Agora é o jantar. Entradinha de bolinho de feijão, recheado com couve e um molhinho apimentado. Reparem no guaraná sem sódio acompanhando.


Prato principal foi uma pizza integral de cogumelos refogados ao molho sugo, que estava um espetáculo.


E a sobremesa. Um sorvete de cacau com melado pra mim, e uma torta de banana com castanha do Pará e canela pra ele.


Não me julguem, e beijo pra quem leu.

3 Comentários:

Às 27 de setembro de 2015 às 20:21 , Blogger Tereza Sigwalt disse...

Ao contrário do que imaginas, você é um ser admirável e amado, com todas as suas contradições. Principalmente ao mostrar suas vulnerabilidades com tanta sensibilidade. Beijos no seu coração, Amo você e seus textos estão bárbaros. Beijo no outro ombro.

 
Às 30 de setembro de 2015 às 12:12 , Blogger Unknown disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
Às 30 de setembro de 2015 às 12:14 , Blogger Unknown disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 

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